Quem se lembra de nós?
Quem nos respira?
Quem abre as cortinas e espreita,
a saber de nós?
Curaste o rio da rebelião.
Curaste a seiva.
Vês como cresce em esplendor?
Desde maio que floresce.
Desde maio.
Desde maio que se desfaz em lágrimas.
Como é sentir o cordão a romper-se?
Como é sentir a terra tão longe,
que dá vontade de cair
só para experimentar o delírio da queda,
a solidão do ar que se respira desfeito em partículas?
Não sei onde me fixar,
tenho o olhar perdido,
o cabelo em desalinho,
as mãos agitadas à procura.
Que dizer agora que a solidão bate à porta?
Que te dizer, amor, senão que a vida se pode emendar,
que a vida se pode redimir e retomar o sonho?
Que te dizer senão que o meu sangue se despede
e já nada resta a não ser um acordar?
Um acordar onde tu apedrejas aos anjos
e me queimas os olhos no fogo.
Desintegra-te,
respira quando doer,
dilacera-te.
Dilacera-te, meu amor.
E de repente acontece sentir.
Era maio.
As giestas de maio:
que beleza, que sabor tão doce!
e já nada resta a não ser um acordar?
Um acordar onde tu apedrejas aos anjos
e me queimas os olhos no fogo.
Desintegra-te,
respira quando doer,
dilacera-te.
Dilacera-te, meu amor.
E de repente acontece sentir.
Era maio.
As giestas de maio:
que beleza, que sabor tão doce!
Se eu soubesse partilha-lo contigo
o mundo acabava aqui,
no primeiro dia."
Ingrid Choren