
Não há palavra mais doce que aquela que se despe
lentamente na baía, na nostalgia de si mesma.
Outrora era a evidência do verso, rumor de aves,
lagos espirais caminhos por entre fontes e azuis
danças de deus nos longínquos areais, mas as
incertezas acumularam-se depois do sono, lembranças
da infância, da fronteira, dos açudes ruidosos.
Eu morrerei se ouvir de novo essa voz, por isso
afastai-a célere dos oceanos,
das portas entreabertas,.
Essa palavra é doce e mortífera: amai-a
Longe de mim onde o silvo, o alarme das estações, é uma
espada, um gume à deriva no corpo.
Ficarei entre sinais, escombros,
longe das margens dos lagos, leve."
Francisco José Viegas