"O espaço do olhar é tão claro e aberto que nós estamos no mundo antes de o pensarmos e nada nele indica que exista um outro lado de sombras incertas de silêncios abismais.
Vivemos no seio da luz onde o inteiro vibra com a sua evidência de claro planeta e ainda que divididos vivemos no seu espaço uno porque é o único em que podemos respirar.
As nossas sombras não nos acolhem como folhas envolvendo o fruto, o nosso desamparo vem de mais fundo e nele não podemos manter-nos, temos de ascender ao móvel girassol do nosso olhar ainda que seja só para ver a fulva monotonia do deserto.
A vocação da pupila é o imediato universal, quer caminhemos numa rua, quer viajemos pelo mundo, quer ainda diante de uma página em branco.
A palavra pode anteceder a visão mas também ela é atraída para o luminoso espaço em que desenha os seus contornos.
Vivemos no seio da luz onde o inteiro vibra com a sua evidência de claro planeta e ainda que divididos vivemos no seu espaço uno porque é o único em que podemos respirar.
As nossas sombras não nos acolhem como folhas envolvendo o fruto, o nosso desamparo vem de mais fundo e nele não podemos manter-nos, temos de ascender ao móvel girassol do nosso olhar ainda que seja só para ver a fulva monotonia do deserto.
A vocação da pupila é o imediato universal, quer caminhemos numa rua, quer viajemos pelo mundo, quer ainda diante de uma página em branco.
A palavra pode anteceder a visão mas também ela é atraída para o luminoso espaço em que desenha os seus contornos.
Como poderia a palavra fingir o que lhe foge sem a superfície de um solo iluminado?"
António Ramos Rosa
António Ramos Rosa
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