e seus sobreviventes
alegres ou maltratados,
alegres ou maltratados,
o que não fizemos
foi por culpa de ninguém,
foi por culpa de ninguém,
faltou aço:
nós o gastamos em tanta inútil destruição,
não importa no balanço nada disto:
os anos padeceram
nós o gastamos em tanta inútil destruição,
não importa no balanço nada disto:
os anos padeceram
de pústulas e guerras,
anos desfalecentes quando tremeu
anos desfalecentes quando tremeu
a esperança no fundo das garrafas inimigas.
Muito bem,
falaremos alguma vez,
algumas vezes, com uma andorinha
Muito bem,
falaremos alguma vez,
algumas vezes, com uma andorinha
para que ninguém escute: tenho vergonha,
temos o pudor dos viúvos: morreu a verdade
e apodreceu em tantas fossas: é melhor recordar
temos o pudor dos viúvos: morreu a verdade
e apodreceu em tantas fossas: é melhor recordar
o que vai acontecer: neste ano nupcial
não há derrotados:
coloquemo-nos, cada um,
máscaras vitoriosas.
Pablo Neruda
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