"Um dia você finalmente descobriu o que tinha de fazer e então começou, mesmo que as vozes que te rodeavam continuassem vociferando péssimos conselhos – mesmo que a casa inteira começasse a estremecer e você sentisse a velha fisgada em seus calcanhares.
“Redima minha existência!” Clamaram as vozes. Mas você não se deteve. Sabia o que tinha de fazer, mesmo que o vento o perseguisse com seus dedos enrijecidos com todas as suas forças, mesmo que a melancolia por eles possuída se mostrasse aterradora.
Já era tarde o suficiente, e a noite, tempestuosa e a estrada, repleta de galhos caídos e pedras pelo caminho. Porém lentamente, ao deixar aquelas vozes para trás as estrelas começaram a brilhar através dos lençóis de nuvens, e lá estava ocultada nova voz que lentamente reconheceste como sua, que se manteve em sua companhia enquanto adentrava a passos largos no mundo, determinado a fazer a única coisa que poderia fazer - determinado a salvar a única vida que pôde salvar."
Mary Oliver - trad.: Wagner Miranda
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