"(...) Mas ao menos agarrava esta verdade tanto quando esta verdade se agarrava em mim. Tinha tido razão ainda tinha razão, teria sempre razão. Vivera de uma certa maneira e poderia ter vivido de outra. Fizera isto e não aquilo. Não fizera determinada coisa, ao passo que fizera esta outra. E depois? Era como se durante todo tempo tivesse esperado por este minuto e por esta madrugada em que seria justificado. Nada, nada tinha importância e eu sabia bem por quê. Tambêm ele sabia por quê. Do fundo do meu futuro, durante toda essa vida absurda que eu levara, subira até mim, através dos anos que ainda não tinham chegado, um sopro obscuro, e esse sopro igualava, à sua passagem, tudo o que me haviam proposto nos anos, não mais reais, que eu vivia. (...)"
Albert Camus in: O estrangeiro
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