
"Andando e andando dentro de um pijama cheio de com um dedo aumentando o buraco do bolso, atravessei a biblioteca e encontrei a minha alma agachada, espiralando-se para baixo, entrando num globo colorido. O oceano ainda era o velho Atlântico, sempre o arrogante esverdeado, o branco impetuoso e cruel, agora mais quente do que o ar. Por outro lado, lá as bandeiras vermelhas proibiram nosso mergulho. Ninguém nadou. Uma delicadeza anárquica.
Uma latina bronzeada, dois trapos, amadurecida pelo sol, adormece solitária usando o braço como travesseiro. Sem comparação. Somente um grupo de meninos cabeceiam uma bola mantendo-a no ar, enquanto o povo passa fome no interior, faz greve e morre Américas infelizes, ah tristes tropiques! e todas as noites, arrancadas pela maré, as velas de macumba cortejam Yemanjá; alta, branca, a virgem-sereia do mar envolta em lírios brancos, no seu véu branco noturno, caminha sobre as águas.
'Estou caindo. Nossa Senhora, rogai por mim. Quero parar, mas perdi o pé de apoio no mapa, agora caio, caio, desvio, intenso, meus pés violam, nas ruas, as minhas palmas violentas.'"
Robert Lowell trad.: Marco Aurélio Cremasco
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