"Faz de conta que o tempo voou. Estrangulou o dia, rasgando caminhos confusos da cidade invisível. Depois enrosca-te na penumbra, afasta as sombras gravadas misteriosamente e entre insônias de horas perdidas, esquece-me pouco a pouco. Desfaz as memórias e vai secando as idéias, encharcadas do perfume acumulado na raiva das minhas veias.
Debruça o olhar no presente, abre a janela e engole as luzes das noites. Saboreia cada sussurro oculto, nas horas que ouves na grande solidão. Adormece na inquietude das paredes brancas, cheias de falsos sonhos, enquanto fugirei de mim silenciosamente.
Desce de novo os teus olhos, ao fascínio ardente da água teimosa, do mar que nos fez sentir vivos, numa prolongada espera.
Desce de novo os teus olhos, ao fascínio ardente da água teimosa, do mar que nos fez sentir vivos, numa prolongada espera.
É então tempo de caminhar, voar no esquecimento das emoções, partir sem som."
L. Maltez