"Que é que eu penso do amor? — Em suma não penso nada. Bem que eu gostaria de saber o que é, mas estando do lado de dentro, eu o vejo em existência não em essência. O que quero conhecer - o amor - é exatamente a matéria que uso para falar - o discurso amoroso. A reflexão me é certamente permitida, mas essa reflexão é logo incluída na sucessão das imagens, ela não se torna nunca reflexividade: excluído da lógica - que supõe linguagens exteriores umas as outras - não posso pretender pensar bem. Do mesmo modo, mesmo que eu discorresse sobre o amor durante um ano, só poderia esperar pegar o conceito "pelo rabo": por flashes, fórmulas, surpresas de expressão, dispersos pelo grande escoamento do Imaginário; estou no mau lugar do amor, que é seu lugar iluminado: 'O lugar mais sombrio...' - diz um provérbio chinês - 'é sempre embaixo da lâmpada.' "
Roland Barthes
Roland Barthes
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