...Pensei na palavra "promessa", na verdade nunca fiz promessas, acredito que prometer é se responsabilizar por algo inconsistente, sei lá... Nunca faço promessas porque não me sinto responsável para cumpri-las... Acredito no ato, no momento, naquilo que posso fazer agora ... depois?... não sei!
"Se não fôssemos perdoados, eximidos das consequências daquilo que fizermos, a nossa capacidade de agir ficaria por assim dizer limitada a um único ato do qual jamais nos recuperaríamos; seríamos para sempre as vítimas das suas consequências, à semelhança do aprendiz de feiticeiro que não dispunha da fórmula mágica para desfazer o feitiço. Se não nos obrigássemos a cumprir as nossas promessas não seríamos capazes de conservar a nossa identidade; estaríamos condenados a errar desamparados e desnorteados nas trevas do coração de cada homem, enredados nas suas contradições e equívocos - trevas que só a luz derramada na esfera pública pela presença de outros que confirmam a identidade entre o que promete e o que cumpre poderia dissipar. Ambas as faculdades, portanto, dependem da pluralidade; na solidão e no isolamento, o perdão e a promessa não chegam a ter realidade: são no máximo um papel que a pessoa encena para si mesma."
Hannah Arendt
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